segunda-feira, 26 de março de 2018

Ao maior humanista do século XX: A Viktor Frankl


Em 26 de março de 1905 nascia em Viena o filho do meio de Gabriel Frankl e Elsa Lion. Nascia Viktor Emil Frankl. Famoso no mundo inteiro como o “psicólogo no campo de concentração”, conhecido no campo acadêmico por trazer a dimensão noética ou espiritual ao setting psicoterápico; por evidenciar o “sentido”, e não o “prazer”, como a principal motivação humana, esse professor, psiquiatra, neurologista, filósofo, teólogo, esse “homem chamado Viktor” trouxe ao século XX uma proposta de humanização das ciências da saúde.
Neste 26 de março de 2018, portanto há 113 anos do seu nascimento, quero aqui evidenciar e agigantar o maior legado de Frankl, a meu ver: a humanização das ciências, das profissões e das pessoas.
Numa época em que a soberba de um conhecimento frio invade as mentes de intelectuais, num período em que produzir parece valer mais que conhecer, Viktor Frankl apresenta o saber a partir da experiência viva do próprio sujeito e objeto científico; apresenta uma ciência emanada do sangue da dor e do amor, além das convicções meramente racionais.
Num tempo em que as profissões se transformaram em objetos de status, em formas de identidade pessoal (eu valho pela minha profissão?), em instrumentos antiéticos contra os mais sublimes valores universais ou num meio formal de obtenção de lucro, Frankl aponta o “caráter de missão” das profissões, a responsabilidade dos agentes sociais perante a vida e o mundo, a possibilidade de transformação da sociedade como prioridade dos verdadeiros profissionais.
Num momento em que os extremos soam igualmente perversos, ora reduzindo as pessoas a objetos do prazer, a estatísticas do crime ou a máquinas (ainda que perfeitas!!) desafiadoras do tempo e do espaço; ora tentando “divinizar” líderes religiosos, políticos carismáticos, artistas famosos e cientistas inovadores, Frankl apresenta o humano pelo humano, não mais que isto. Um humano que vive o prazer e o sofrer com a mesma dignidade. Um humano “livre” para se posicionar diante dos destinos e condicionamentos e “responsável” para dizer “sim à vida” sempre, mesmo diante de “baleias azuis” e das mais pesadas tragédias. Um humano capaz de “decidir” apesar dos automatismos, relativismos sociais e reducionismos científicos.
Neste 26 de março de 2018 deixo o meu apelo: não divinizemos Viktor Frankl; não divinizemos a Logoterapia. Tanto Frankl quanto a Logoterapia bastam-se no apenas humano. Pois o humano mais humano sem pretensões do divino é o que mais se aproxima do divino.
Ecce Homo: Viktor Emil Frankl: o maior humanista do século XX.

Campina Grande, 26 de março de 2018

Gilvan Melo
Coordenador do Núcleo Viktor Frankl de Logoterapia da
Universidade Estadual da Paraíba