segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Janeiro Branco: como cuidar da saúde mental?



Janeiro. O ano iniciando e você fazendo novos (e também costumeiros) planos: estar mais próximo da família, ler mais, alimentar-se bem, estudar melhor, ser promovido, fazer atividades físicas, ir aos médicos e fazer os famosos exames de rotina. E o que seria essa rotina para você? “Com certeza um cardiologista”, diriam alguns. “Preciso rever o meu grau no oftalmologista”, apontam outros. “Na minha mastologista não posso faltar”, afirmam seguramente as mulheres. É bom saber que há quem cuide da saúde física com essa preciosidade periódica. Mas e a saúde mental, está dentro dos seus planos? Ou “pode ficar para depois? ”. Não podemos generalizar e afirmar que todas as pessoas se preocupam apenas com o que é visto, palpável ou verificável, pois sabe-se que há uma parcela da população voltada para o lado invisível e intocável: o campo das emoções. Porém, pode-se afirmar que, para boa parte da população, ainda é difícil inserir nas metas anuais, mensais ou semanais, a visita a um psicólogo ou psiquiatra. Os sentimentos fazem parte de algo que o homem não consegue explicar, mas, como o próprio nome já diz, sentir. E talvez seja essa sensação que impede o mesmo homem de buscar profissionais qualificados para atender a demanda interior, a lide das questões emocionais e que nos afligem. Talvez o desconhecimento sobre o que faz o psicólogo ou o famigerado estereótipo de loucura (que precisamos erradicar de vez) sobre quem o frequenta, limita a ação da pessoa levando-a a cair no preconceito e no famoso: eu não preciso. Mas quer saber? Você precisa. A pessoa que vos escreve precisa. Nós precisamos. E não precisamos por precisar, para cumprir uma tabela de checklist e prestar contas à sociedade. Não necessitamos como dependência e obrigação, porque um dos melhores pontos de cuidar da saúde mental é a liberdade de escolha. Por isso, precisamos como quem precisa de algo bom, na liberdade de entender, acolher e escolher dar o primeiro passo em busca de um autoconhecimento que talvez não esteja conseguindo fazer sozinho. Vivemos num mundo tão cheio de padrões e imposições, que muitas vezes a pressão ou a falta de sentido podem levar o homem ao vazio existencial. Viktor Frankl, médico psiquiatra austríaco, fundador da escola da Logoterapia, afirmou que “cada vez mais, as pessoas têm os meios para viver, mas não tem uma razão pela qual viver”. Frankl anteviu, à sua época, as preocupações e frustrações do mundo atual. O sentimento que não é cuidado traz a angústia que perdura e gera os frutos do vazio existencial: a dependência química, a depressão e/ou o suicídio. Estatisticamente falando, a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente. E esse número só cresce. Esta demanda é tão urgente em nossa sociedade que a OMS alterou o conceito de saúde desde 1998, passando a caracterizá-lo por “bem-estar (completo) biopsicossocial e espiritual da pessoa”. É por acreditar que devemos estar atentos à saúde mental, que um grupo de psicólogos de Minas Gerais decidiu criar o “Janeiro Branco”, uma “campanha totalmente dedicada a colocar os temas da Saúde Mental em máxima evidência no mundo em nome da prevenção e do combate ao adoecimento emocional da humanidade”, segundo definição própria do movimento. E como esta campanha pode ajudar? Construindo, fortalecendo e disseminando uma “cultura da Saúde Mental”, na valorização da subjetividade humana e o combate ao adoecimento emocional das pessoas, e do conceito de ‘psicoeducação’ entre as pessoas e as instituições sociais, além de valorizar as políticas públicas relativas aos universos da Saúde Mental em todo o mundo. Para conhecer mais sobre este projeto, visite o site oficial: http://janeirobranco.com.br/ . Que tal iniciar o ano de uma maneira diferente e colocar na sua lista de prioridades um “exame de rotina” no universo da sua subjetividade? Previna-se! Cuide da sua saúde mental, viva o sentido da sua vida e ajude outros a também encontrarem os sentidos de suas vidas.

Raisa Fernandes Mariz Simões
Psicóloga e Mestranda em Saúde Pública pela Universidade Estadual da Paraíba